sexta-feira, 27 de junho de 2014

THIAGO AUGUSTO VIEIRA: Não dá para fazer omelete sem quebrar o ovo!

THIAGO AUGUSTO VIEIRA: Não dá para fazer omelete sem quebrar o ovo!: Nos últimos dias refleti muito sobre um tema, qual seja, a inversão de valores e prioridades vigentes nas instituições de segurança públic...

Não dá para fazer omelete sem quebrar o ovo!

Nos últimos dias refleti muito sobre um tema, qual seja, a inversão de valores e prioridades vigentes nas instituições de segurança pública, em específico, a supervalorização das Unidades de Apoio/Especializadas (tais como, Cavalaria, Choque, Bope, Canil dentre outros) em detrimento das Unidades Ordinárias (Batalhões de Área como o 4BPM). Pontuo que restringirei meus exemplos a Polícia Militar para não gerar transtornos, embora essa realidade seja própria também das demais instituições de segurança pública.  Para falar a verdade, hesitei em escrever, pois não acredito que essas palavras possam mudar a realidade. Contudo, decidi pelo registro da minha convicção, por amor ao debate ou para a simples reflexão, uma vez que se cogita a criação de mais uma Unidade Especializada de Motos. 
De pronto, deixo claro que reconheço a importância das Unidades de Apoio/Especializadas, jamais em sã consciência teria como desconsiderar a necessidade e a capacidade de tais Unidades; muito menos, o comprometimento e a competência dos servidores que lá labutam. Entretanto, não há como negar a total inversão de prioridade quando se observa a prestação diária de segurança pública e que reflete diretamente na qualidade do atendimento fornecido à comunidade. Isto porque, embora as Unidades de Especializadas sejam importantes, não se pode jamais ter as Unidades de Área em segundo plano.
A importância que comento pode ser verificada na simples observação da relação recursos humanos e demanda de serviço; turno de serviço; rotina de serviço e recursos logísticos disponíveis. Para me fazer claro, sempre que é necessário corta na carne, fornecer ou reduzir efetivo, advinha quem o faz, as Unidades de Área. Basta comparar os recursos humanos, a citar a Companhia responsável pela área central da Capital do Estado, que embora tenha tido o esforço inigualável do Governo, da Secretaria de Segurança e dos Comandos para inclusão de novos policiais militares na PMSC, a redução chegou a mais de 150%.
Num olhar comparativo, o intento de criar uma nova Unidade Especializada poderia me fluir bem pelo pensamento desde que ela não significasse um corte ou a redução daquilo que já está escasso nas Unidades de Área. Em outras palavras, comparo o meu pensamento a uma residência; ou seja, é como se quisesse aperfeiçoá-la instalando um ar condicionado split, mas se esquecendo de que para ter um aparelho split é preciso ter a base da residência firme e forte.   

A este ponto, ratifico que minhas palavras não dizem respeito à competência e capacidade dos policiais das Unidades Especializadas que igualmente e incansavelmente entregam  suas vidas para bem cumprir a missão policial militar. Todavia, trata-se de má gestão  com gritantes desequilíbrios de recursos e demandas. Ouvi essa semana uma frase interessante de um oficial: "querem que eu faça omelete sem quebrar o ovo".