Maçarico de um lado; furadeira
industrial de outro. Resultado: caixas eletrônicos estourados. Eventos que passaram a figurar como rotina em
nossa imprensa. Aliás, para esta, um prato cheio para delegarem a
responsabilidade aos órgãos policiais. Infelizmente, no Brasil ainda se vive o
ledo engano de considerar que segurança pública se resume a força repressiva do
aparato policial. Importa frisar que, não de hoje, esta percepção foi deixada
de lado em países que se estabelecem como referências mundiais na preservação
da ordem pública, a citar, Inglaterra e Estados Unidos. Não se está a afirmar
que as medidas repressivas não possuam sua importância, porém é indispensável
pensar para além de tais medidas. É necessário pensar a segurança, antes de
tudo, com ações preventivas, aglutinando a estas as medidas repressivas.
Um bom exemplo deste pensamento
se observa na problemática “arrombamento de caixas eletrônicos”. Neste sentido,
o que se verifica é uma resposta estatal equívoca, centrada apenas nas forças
policiais, que persistem em tratar este crime com somente repressão. E como
resultado, a onda de caixas eletrônicos arrombados não pára. Cabe destacar, desde já, que a resposta a
este problema trata-se da adoção de simples medidas. Isso mesmo que os senhores
leram. É um problema fácil de ser mitigado.
Para que possam compreender,
tente resgatar na memória as ocorrências que repercutiam em âmbito nacional em
meados da década de 80 e 90. Com certeza, recordará dos famosos e, por vezes,
cinematográficos roubos a bancos. E, a este ponto, surge a pergunta: por que
essa onda de roubo a bancos passou? Sem dúvida, embora as forças policiais
façam das “tripas coração”, a solução para este problema não se restringiu à
resposta repressiva. Preponderante, neste contexto, verificaram-se as ações
preventivas de arquitetura contra o crime e de prevenção situacional, cabendo
mencionar como exemplo, a adoção de portas giratórias.
Em termos práticos, estamos
convictos de que medidas preventivas de controle de acesso e ampliação da
vigilância natural seriam bem mais eficazes e efetivas para estancar os
arrombamentos a caixas eletrônicos.
Neste sentido, suscitamos apenas algumas simples medidas, as quais por
serem de baixo custo poderiam ser adotadas.
Ora, se os crimes dessa natureza
em Santa Catarina ocorrem na maioria das vezes utilizando maçaricos e, em
poucos casos, furadeira industrial, uma medida simples, então, seria a partir
de determinados horários (horários de não funcionamento) o acionamento de
detectores de metais nos locais em haja caixa eletrônico. Aliás, todos os meios
utilizados para o emprego de ilícitos geram bastante calor, por que não instalar
sensores de calor nesses locais. Pensando ainda sobre o assunto, por que não há
a obrigatoriedade de caixas eletrônicos com dispositivos de alarmes a serem acionados
sempre que houver uma diferença de pressão interna. Acionada ainda por esta
diferença de pressão, poder-se-ia exigir dispositivos que emitam fumaça identificadora.
Noutro rumo, outra medida deveria ser potencializar a vigilância natural, uma vez
que outro processo errôneo é o que se verifica na localização de muitos caixas
eletrônicos, em que a estrutura edificada e o projeto arquitetônico não
permitem uma maior vigilância natural, uma maior visibilidade. Infere-se, pois,
que a obrigatoriedade dessas tecnologias de controle de acesso direcionadas a
natureza criminal e a ampliação da vigilância natural são medidas bem mais
eficazes.
Outrossim, ao se falar em
obrigatoriedade de tecnologias, talvez,
tenhamos um dos aspectos que possam explicar o porquê de determinadas redes
bancárias serem normalmente os alvos desse tipo de ação criminosa. Fato é que
nesse desenrolar o Estado permanece omisso. Afinal, se as medidas indicadas são
de baixo custo, por que o Estado não exige tais medidas das instituições
bancárias? Quem estar a ter prejuízo: as redes bancárias ou a sociedade?
Enfim, finalizo minhas
considerações tecendo que enquanto o poder público estiver se omitindo, ao não
exigir adoção de medidas deste gênero, Santa Catarina continuará a ser
explodida e a população continuará pagando o preço com a sua segurança.