sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Segurança Pública: A Culpa é de quem está na Rua!??

Diariamente recebo ou vejo notícias relacionadas à segurança pública, sobre as quais posso afirmar que a maior parte delas traz, ainda que de forma obscura ou indireta, a cobrança de soluções ou a incompetência daqueles que se encontram a realizar de forma efetiva a polícia ostensiva nas ruas. Noutras palavras, direcionam a responsabilidade, digo, a culpa pelo aumento da incidência criminal e da violência urbana para aqueles poucos que possuem ainda a motivação e, sobretudo, a coragem de entregar a própria vida na defesa da sociedade.
De fato, a culpa é de quem está na rua!!! Aliás, assumo a nossa mea culpa desse problema de segurança pública, mas também assumo a nossa mais grave culpa que é de continuar trabalhando e administrando miséria. Friso, administrando miséria. Afinal, não há outra palavra para a nossa realidade policial. A título de exemplo, refiro-me a redução em determinadas áreas de 60% do efetivo ou a corrida diária contra o tempo para colocar viaturas do ano 2002 em condições mínimas para efetuarem rondas durante 24h, enquanto que o ideal seria estar rondando com viaturas, no mínimo, de 2008.
Fala-se. Reclama-se. Cobra-se. Tudo perfeito, se não fosse o esquecimento de que a prestação de serviços de qualidade perpassa por ter meios logísticos adequados e recursos humanos. Esquece-se, no nosso entender, que os principais responsáveis pela atual situação da segurança pública são os gestores públicos com a incumbência de definir prioridades e investimentos. Segurança pública se faz com investimentos em tecnologia, recursos logísticos e, principalmente, com recursos humanos motivados e empenhados. Segurança pública é problema de Estado e não de governo, de modo que as ações devam ser técnicas. 

É fato reconhecer que nos recentes dias o clamor social impôs aos gestores públicos uma modificação na forma como enxergavam a segurança pública. Todavia, a herança é grande e o processo de mudança que estamos a vivenciar é lento e gradual.
Resta, por fim, confessar que tão bom será quando, na qualidade de gestores operacionais das ações policiais, tivermos que nos dedicar aos problemas da rua para bem atender a sociedade, e não despender o nosso tempo diário para gerenciar miséria.

Um comentário:

  1. Olha Tenente! Concordo com suas palavras. Apenas gostaria de fazer uma ressalva quando o Sr. afirma que a culpa é de quem está na rua. Temos nossa parcela de culpa sim, mas que interesse tem a sociedade de contribuir para uma mudança? Vejo seu trabalho atualmente, perdendo (literalmente) os cabelos (com todo o respeito é claro) na constituição de um Conseg no centro de Florianópolis. Atitude louvável e digna de um comandante com sua qualificação. Mas a pergunta fica. Sinceramente existe contribuição social (pessoas interessadas) para a melhoria da situação. Vejo muitos interessados, mas a grande maioria ainda se esconde atrás da máxima: Isso é obrigação do Estado! É vergonhoso. Não se faz nada... Temos nossas responsabilidades e não vamos fugir, mesmo com viaturas de 2002, administrando miséria. Mas a culpa não é só nossa! Vamos dividir essa cruz com o Estado e com a Comunidade. Grande Abraço!

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